segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Psicólogo na ILPI: para quê?



O psicólogo é um profissional que normalmente consta no quadro de funcionários das Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), porém qual é a sua função? É fácil compreender que cabe ao nutricionista a elaboração do cardápio dos residentes (dentre outras funções), ao enfermeiro o cuidado geral do paciente (banho, curativos, administração da medicação, dentre outras funções), ao fisioterapeuta a realização de intervenções que busquem a melhora na locomoção, o alívio de dores e o aprimoramento das funções respiratórias (dentre outras atividades). O psicólogo também possui suas funções, as quais serão explicadas a seguir.
É comum pensar no psicólogo como aquele profissional que realiza psicoterapia que, segundo o dicionário Michaelis, é um “tratamento por métodos psicológicos. Conjunto das técnicas que visam ao tratamento das moléstias mentais por persuasão, sugestão, psicanálise, atividades lúdicas ou de trabalho.” Ou seja, o profissional que, através da fala, faz um tratamento relativo às questões psicológicas do paciente. O idoso institucionalizado pode necessitar deste tipo de tratamento, porém o trabalho do psicólogo nesta instituição não se resume a isto.
Um idoso que reside numa instituição de longa permanência pode necessitar da escuta terapêutica, por uma série de motivos pessoais, porém, esta demanda de ajuda deve partir do idoso: não se deve obrigar todos os internos a fazerem psicoterapia individual, visto que esta prática pode não surtir efeitos, ou mesmo ser negativa, caso o idoso não sinta a necessidade de ser ouvido e ajudado. Forçá-lo a “se abrir” pode parecer para ele uma invasão de privacidade.
É importante que o profissional da psicologia realize trabalhos com grupos de idosos, ao invés de enfocar apenas o trabalho individual. Em grupos é possível trabalhar a socialização, promover atividades, trabalhar com o debate de questões psicossociais comuns a esta etapa da vida. O psicólogo deve ter o cuidado e trabalhar temas que sejam do interesse dos idosos e desenvolver atividades que eles consideram prazerosas, sem obrigá-los a participar de tudo.
O Psicólogo também deve ter condições de avaliar o estado cognitivo do idoso periodicamente, utilizando instrumentos que avaliam memória, atenção, linguagem e outros domínios que podem apresentar alterações no processo de envelhecimento, para assim detectar se estas alterações são patológicas ou não. Ainda na mesma linha, não basta apenas avaliar, ele precisa, com os recursos disponíveis na instituição, arrumar meios para promover a estimulação cognitiva do idoso, ou seja, desenvolver atividades que sejam prazerosas e que estimulem a memória, a atenção, a linguagem, o raciocínio, a criatividade, dentre outras funções.
Os familiares também precisam de uma atenção por parte do psicólogo. Este profissional deve estar disponível para receber os familiares do idoso institucionalizado, estando pronto a ouvir o que os mesmos têm a dizer acerca do idoso. O profissional pode, por exemplo, no momento da admissão do idoso na instituição, auxiliar os familiares (normalmente os filhos) a lidar com a culpa de terem tomado esta decisão. Posteriormente, pode informá-los acerca do estado do idoso, reforçar sobre a importância de se manter os vínculos familiares, além de orientá-los sobre como proceder durante as visitas, se é válido levar o idoso para passar os finais de semana em casa, esclarecer sobre o processo de adaptação, ouvi-los e orientá-los nas questões que poderão surgir durante a permanência do idoso na instituição.
Tendo tudo isto em vista, fica claro que, inclusive nas ILPIs, o psicólogo é um profissional compromissado com a prevenção, a promoção da saúde do idoso, o tratamento de suas enfermidades e sua reabilitação, quando esta se faz possível. Importante destacar que o trabalho do psicólogo neste contexto não visa apenas o individual, mas também o grupo, assim como seu objeto de intervenção não é apenas o idoso, mas também a família.

Fonte: http://www.cuidardeidosos.com.br/psicologo-na-ilpi-pra-que/

3 comentários:

  1. Quais testes você indica para avaliar o estado cognitivo do idoso?

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  2. Sou formada em psicologia, trabalho em uma clínica considerada como recreadora,mas identifico minha prática fundamontada no contexto deste texto.

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  3. Interessante,vivo a mesma situacao.fiz meu estágio na Ilps que atualmente trabalho.Minha consciência não desvencilhar do conhecimento a práxis.

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