quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

SUS facilita venda de medicamentos para idosos



A partir de agora, eles não precisam mais ir pessoalmente às farmácias com selo do Ministério da Saúde para comprar remédios. Parentes e amigos podem levar uma procuração

A partir de agora, os idosos não precisam mais sair de casa para ter acesso aos medicamentos oferecidos pelo Programa Farmácia Popular do Brasil. Em vez de ir pessoalmente às unidades de venda, quem tem 60 anos ou mais pode assinar uma procuração para que qualquer pessoa compre os remédios, em seu nome, nas 8.428 farmácias particulares com o selo Aqui tem Farmácia Popular. As mudanças foram publicadas no Diário Oficial da União nesta quinta-feira (17).

Antes, menores de dezesseis anos e pessoas com deficiência mental já podiam enviar representantes para comprar os medicamentos. O diretor do Departamento de Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde, José Miguel do Nascimento, observa que a ampliação do benefício segue os princípios do Estatuto do Idoso, ao contribuir com a garantia do direito à saúde. “Há idosos que, muitas vezes, têm dificuldade para se locomover. Ao facilitar o acesso aos medicamentos, humanizamos o atendimento no SUS. Qualquer parente ou amigo poderá ir às unidades”, afirma o diretor.

Para comprar os remédios no lugar do idoso, a pessoa deverá levar, além da procuração reconhecida em cartório, a receita médica (de unidade de saúde pública ou privada), os documentos de identidade e CPF próprios e os do paciente. As prescrições médicas têm validade de 120 dias a partir da emissão - com exceção dos contraceptivos, cuja validade é de 12 meses.

PROGRAMA – Criado em 2004, o Programa Farmácia Popular do Brasil amplia o acesso da população aos medicamentos essenciais por meio da redução de custo desses remédios. A rede Farmácia Popular vende 107 itens, além do preservativo masculino, para as doenças mais comuns na população brasileira, como hipertensão e diabetes. Outro foco é a venda de anticoncepcionais. Os medicamentos dessa rede são destinados principalmente às pessoas que não têm condições financeiras de pagar pelo produto e, por isso, muitas vezes interrompem o tratamento.

O Programa funciona por meio das Unidades Próprias (em parceria com estados e municípios) e do Sistema de Co-Pagamento, lançado em 2006 e desenvolvido com drogarias privadas. Nas Unidades Próprias, a população tem acesso aos remédios pelo preço de custo, o que representa uma redução de até 90% no valor em comparação com farmácias e drogarias particulares.

No Sistema de Co-Pagamento, o governo paga uma parte do valor dos medicamentos e o cidadão paga o restante. O valor pago pelo Ministério da Saúde é fixo e, por isso, a população pode pagar menos para alguns remédios do que para outros, de acordo com a marca e o preço cobrado pela farmácia. Mas, em geral, o cidadão também tem desconto de até 90% nessas unidades, reconhecidas pela marca Aqui tem Farmácia Popular.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Sim! Nós brasileiros estamos envelhecendo



Nós brasileiros estamos envelhecendo. Não se trata de especulação, é um fato, os números estão aí para comprovar que não somos mais um país jovem. E a mídia não nos deixa esquecer que num futuro muito próximo seremos muitos e tomados por questões inquietantes que preocupam: teremos cuidados apropriados e suficientes para uma caminhada rumo à uma velhice tão longa, que durará tantos anos?
Segundo reportagem de Cleide Carvalho: "a cada ano, 1,1 milhão de brasileiros chegam aos 60 anos, fronteira para o início do envelhecimento. Dados da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) das Nações Unidas indicam que, daqui a 40 anos, a população idosa brasileira vai aumentar em 45 milhões de pessoas, das quais 15 milhões terão mais do que 80 anos. Atualmente, apenas 2,8 milhões de brasileiros já passaram da casa dos 80".
Não faltam projeções, estudos, cálculos, estatísticas para tornar o cenário mais alarmante do que já é. Viveremos num futuro bem próximo o chamado "Old Boom", lembrando o falecido efeito "Baby Boom", um termo que se popularizou no pós Segunda Guerra Mundial, quando houve um aumento importante da natalidade nos Estados Unidos. Mas um país invadido por crianças e jovens soa como algo agradável em representações de um potencial sem limites. Já a simples ideia de uma invasão de velhos, denuncia preocupação e alerta de perigo iminente.
Paulo Saad, chefe da Divisão de População da Cepal (Celade/Cepal), resume a situação:
É como se fosse uma Argentina inteira com mais de 60 anos. Ou um Chile com mais de 80. É preciso se acostumar com a ideia de que esta é uma sociedade que está envelhecendo.
Diante de uma perspectiva alarmante deste envelhecer de todos nós, numa verdadeira "explosão de velhos", é lógico que a mídia alerte incessantemente sobre a urgência de medidas preventivas num modo diferente de viver que, com certeza, exigirá cuidados específicos em vários setores, antes passados despercebidos pela população e governo.
"Essa mudança causa impacto nos sistemas de saúde e previdência e também nas próprias cidades. Nas grandes metrópoles, sequer o tempo de travessia de ruas nos semáforos é adequado aos pedestres, muito menos a quem se locomove de forma mais lenta que o normal", alerta a reportagem de Carvalho.
A pesquisadora do Laboratório de Informações em Saúde (LIS/ICICT/Fiocruz), Dália Romero afirma que "Morrer hoje antes de 74 anos é uma morte prematura. A sociedade já compreende que tem condições de viver bem até essa idade." A questão, segundo a especialista "é que ninguém está acostumado a falar em morte prematura de idoso, é um preconceito e um desconhecimento."
Se vivemos mais, que seja, então, com boa qualidade de vida. Em função disto, campanhas voltadas para os idosos são fundamentais e muito bem-vindas. Um exemplo é a vacinação contra a gripe. Segundo a matéria de Carvalho, "para os especialistas, o país precisa urgentemente de novas campanhas de controle de doenças crônicas voltadas a este público".
Faltam profissionais qualificados
Na reportagem "Geriatria No Brasil - Cursos e Pós-Graduação em Geriatria/Gerontologia" vinculada no jornal "Bom Dia Brasil" da Rede Globo, o problema da profissionalização é ressaltado: "O Brasil tem 1 geriatra para cada 5 mil idosos, o recomendado segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria é de 1 geriatra para 1 mil idosos. Por que faltam geriatras no Brasil?
Se pensarmos que uma consulta no consultório dura, por volta de uma hora e trinta minutos e, outras tantas horas em atendimento fora do consultório, é possível entender as razões da especialidade não ser a mais procurada pelos profissionais da medicina. Sílvia Pereira, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia confirma: "as universidades brasileiras sequer formam geriatras em número suficiente para atender a demanda de pacientes. Temos hoje, no país inteiro, apenas 984 geriatras, muito aquém da necessidade.
Apenas 50 médicos por ano se especializam nesta área.
"Na avaliação dos especialistas, o Brasil está envelhecendo em 30 anos o que a Europa demorou um século. Por isso, tem de pensar e agir com mais rapidez. Solange Kanso, do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), lembra que em 2040 o país terá 56,7 milhões de idosos. Em número absoluto, é mais que o dobro da quantia atual. Quem vai cuidar destas pessoas?" - indaga Kanso.
Teremos instituições de longa permanência suficientes, acessíveis financeiramente à população idosa e com adequada qualidade nos serviços? Pelo que se vê atualmente, a carência de locais deste tipo é enorme e mais uma vez a família fica e ficará cada vez mais sobrecarregada com obrigações, deveres e culpas num cuidar tão delicado.
Taís de Freitas Santos, representante auxiliar do Fundo de População das Nações Unidas no Brasil alerta: Se não houver políticas públicas para cuidado com idosos, o Brasil terá pessoas idosas cuidando de idosos mais velhos ainda. Pessoas com 70, 80 anos estão cuidando de pessoas com 100, pois o grupo dos centenários também aumenta.
O mercado de trabalho também sofrerá modificações profundas na sua estrutura, afirma Carlos Eugênio de Carvalho, demógrafo da Fundação Seade, responsável pelas pesquisas populacionais do governo de São Paulo: O processo de envelhecimento não tem volta. Não haverá espaço para preconceito. As pessoas mais velhas terão de ser qualificadas para as inovações tecnológicas e a dinâmica do emprego será modificada. Haverá reflexos no lazer, no consumo e na mobilidade.


Programa Saúde na Praça em Belo Horizonte



Em Belo Horizonte é desenvolvido, desde março/2010, ações do "Programa Saúde na Praça". Estas atividades são, prioritariamente, voltadas para o público da terceira idade. Foram instalados os "Equipamentos de Ginástica para Todos" no bairro Confisco (Pampulha), no Tancredão (Centro de Referência da Pessoa Idosa - Bairro PadreEustáquio) e no Parque Guilherme Laje (Bairro São Paulo). O objetivo dos Governos Estadual e Municipal em implantar o referido Programa é incentivar a população belorizontina à prática de atividades físicas.

Banda de idosos é sensação na Internet



Uma banda britânica integrada por 40 pessoas, todas com mais de 90 anos de idade, está causando sensação na Internet cantando uma versão do clássico My Generation, dos roqueiros The Who.
Poucas semanas após ser gravado, o vídeo do grupo recebeu mais de dois milhões de hits no YouTube, tornando-se o campeão de visitas do site.
A banda, The Zimmers, se apresentou nos Estados Unidos e foi notícia em mais de 60 países. A idéia partiu de Tim Samuels, autor de um documentário que tenta chamar a atenção para o drama de milhões de aposentados britânicos que vivem hoje solitários e abandonados.
São 3,5 milhões de idosos vivendo sozinhos e meio milhão morando em asilos. "Eu quis fazer um documentário que mostrasse como nós tratamos os nossos idosos neste país", disse Samuels. "Se você fosse julgasse uma sociedade pela forma como ela trata seus idosos, estaríamos em apuros", acrescentou.

Voluntários
Mas Samuels não queria apenas mostrar os idosos como vítimas. "A idéia era mostrar como são marginalizados mas também fazer algo que os ajudasse a reagir. Queríamos colocá-los de volta no centro da sociedade. E existe maneira melhor de conseguir isso do que estourar na parada pop?"
Samuels viajou pela Inglaterra procurando idosos que quisessem gravar um single. Segundo ele, a maioria achou a idéia meio ridícula, mas resolveu aceitar.
Alguns já tinham até ouvido My Generation, do The Who.

Abbey Road
Formada a banda, Samuels pediu a ajuda de gente da indústria da música. Mike Hedges, produtor do U2, Dido e The Cure, aceitou produzir o single. Neil Reed, da gravadora X-Phonics, concordou em lançá-lo.
E Geoff Wonfor, diretor do vídeo do Band Aid, resolveu fazer o clipe. Para a gravação, Samuels conseguiu nada mais, nada menos, do que o lendário estúdio Abbey Road, onde os Beatles gravaram.
No dia da gravação, ninguém sabia direito o que ia acontecer. Até que Alf, de 90 anos, pegou o microfone e começou a cantar a letra de My Generation: "I hope I die before I get old" (espero que eu morra antes de ficar velho).
Samuels disse que nesse momento percebeu que algo muito especial estava acontecendo.
O single provocou uma resposta internacional. "É um fenômeno universal", diz Samuels. "Toda sociedade se preocupa com a forma como os idosos são tratados e se comove ao ver um grupo deles se juntar, bem no estilo rock'n'roll, para se fazer ouvir. Com sorte (a experiência) vai questionar alguns preconceitos sobre os idosos."
Além de Alf, outros integrantes do grupo são Buster, de 100 anos. E Winnie, de 99. "Estou me divertindo muito", diz Winnie, apoiada em uma bengala.
"Eu nasci de novo", diz Alf. "Eu tinha 90 anos e estava preso em uma rotina. Agora sinto que estou vivendo novamente."

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Cuidados dos idosos entregues a instituições

Pesquisa do Ipea mostra que responsabilidade sobre o idoso está sendo transferida das famílias para os abrigos




A morte do irmão mais próximo levou Maria Fortunato da Conceição, a “Chica”, de 85 anos, a viver em uma instituição de longa permanência para idosos. Há três anos, ela deixou a roça onde foi criada, em Macaúbas, distrito de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, para morar no Instituto de Geriatria Afonso Pena (Igap), mantido pela Santa Casa na Região Leste da Capital. “Tenho sete sobrinhos, todos homens, e nenhum podia cuidar de mim”.

Como Maria, parte da terceira idade está recorrendo cada vez mais a esses lares, segundo o estudo “As instituições de longa permanência para idosos no Brasil”, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). As autoras do trabalho, Ana Amélia Caramano e Solange Kanso, afirmam que a demanda por serviços do tipo tende a crescer.

O aumento se deve ao envelhecimento da população e a mudanças na família brasileira. As principais transformações estão na menor taxa de fecundidade e na entrada das mulheres no mercado de trabalho. “Especialmente porque elas sempre foram as responsáveis por cuidar dos idosos”, argumenta Simone.

Com isso, a tarefa de assumir os mais velhos está sendo transferida, aos poucos, da família para instituições públicas ou privadas. Em Minas, elas são 693, sendo que apenas dez não participaram da pesquisa do Ipea, feita entre 2007 e 2009. As entidades estão distribuídas em 476 municípios – mais da metade das cidades do Estado.

A maioria das instituições é particular (96,3%), sendo que 85,9% são filantrópicas e 10,4% têm fins lucrativos. Apenas 3,2% são públicas. Simone explica que é uma tendência nacional o aumento dos abrigos privados. “Com o envelhecimento da população, o ‘mercado’ está valendo a pena”.

Em Minas, 20.678 idosos vivem em instituições de longa permanência. Quase 17% têm menos de 60 anos, já que as instituições, por vezes, acolhem pessoas abandonadas e de baixa renda.

No Igap, estão 26 mulheres e 17 homens entre 60 e 94 anos. A lista de espera tem mais de 200 nomes. “Os idosos estão ficando sem lugar. Muitas famílias não têm estrutura para cuidar deles”, justifica a coordenadora do instituto, Alessandra Borges.
Depois de morar oito anos com a irmã mais velha, a aposentada Maria da Conceição Carvalho, de 71 anos, decidiu ir para o Igap. “Ela era casada e estava complicada a convivência no apartamento”, explica. Uma vez por semana, ela recebe visitas de outra irmã, que a presenteia com quitutes. “Biscoitinho, doce de leite e pão de queijo, porque sou mineira, né?”, diz.

O aumento da oferta de vagas não é a solução, afirma o presidente do Conselho Estadual do Idoso, Felipe Willer. “Temos que priorizar o vínculo familiar”, afirma, recomendando que somente quem não tem parentes seja institucionalizado.

Willer sugere a criação de centros públicos para os mais velhos frequentarem durante o dia. A pesquisadora Simone concorda. “Não defendemos mais instituições. Mas, com o estudo, vimos a necessidade de propor novas opções para os idosos. A família não deve ser a única responsável”.


Maria da Conceição e Chica: exemplo de senhoras acolhidas pelo Igap

Fonte: Daniela Garcia - Do Hoje em Dia - 29/11/2011 - 10:05 

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Projeto aprovado em segundo turno favorece população idosa de Belo Horizonte


Os vereadores de Belo Horizonte aprovaram seis projetos de lei em segundo turno nesta segunda-feira (21), três deles beneficiam a terceira idade. A partir de agora, os textos serão encaminhados para a sanção do prefeito Marcio Lacerda. 
A distribuição gratuita e domiciliar de medicamentos de uso contínuo e materiais necessários à sua aplicação para idosos previamente cadastrados no Sistema Único de Saúde (SUS) foi aprovada pelos vereadores, em votação pelo segundo turno. O texto prevê que a entrega seja realizada pelos agentes comunitários de saúde nas visitas periódicas, o que não acarretaria gastos para os cofres da Prefeitura. A autoria do projeto é do vereador Preto (DEM).
Também aprovado em segundo turno, o PL de autoria do vereador Pablo César, do PSDB, que trata da reserva de 10% dos imóveis construídos como habitação popular pelo município a pessoas com idade igual ou superior a 60 anos.
Um projeto de autoria do Executivo que trata da reformulação do Conselho Municipal do Idoso de Belo Horizonte também foi aprovado. Entre as novidades propostas para o Conselho está a de torná-lo um órgão paritário, com participação equivalente entre representantes da sociedade civil e da prefeitura.