terça-feira, 22 de novembro de 2011

Ações para idosos nas vilas e favelas ainda são insuficientes



Os anos passam e as coisas se modificam. Contudo, a vontade de viver e se integrar à sociedade não diminui. Aliás, depoimentos de profissionais que trabalham com a terceira ou a melhor idade comprovam exatamente o contrário. No entanto, apesar do desejo de participação, as atividades para esse público nas vilas e favelas ainda não são suficientes.
Segundo a cartilha da Secretaria Municipal Adjunta de Direitos de Cidadania de Belo Horizonte, os objetivos da Coordenadoria de Direitos da Pessoa Idosa (CDPI) são a divulgação do Estatuto do Idoso e os trabalhos de fortalecimento da cidadania. Para viabilizar a execução das metas, são desenvolvidos projetos de inclusão digital, integração geracional, enfrentamento da violência contra os idosos entre vários outros. As ações apoiadas ou divulgadas pela Coordenadoria são opções, principalmente, para os idosos de vilas e favelas, que têm poucos recursos para investir em entretenimento e lazer, como viagens, passeios e cursos. Embora haja esforço do poder público em contemplar essa faixa etária, a ação ainda não atinge a maioria do público, como avaliam profissionais da área.

A cartilha da Coordenadoria de Direitos da Pessoa Idosa visa garantir o direito de acesso ao lazer e ressalta que é preciso uma união de forças de vários setores sociais. “A CDPI visa cumprir o seu papel na defesa dos direitos da pessoa idosa”, é o que estabelece a cartilha. O manual salienta que a articulação de uma rede que envolva o poder público, as instituições e a sociedade civil é de fundamental importância para a defesa dos direitos dos idosos.

“Os órgãos públicos devem articular políticas municipais capazes de abarcar o cidadão idoso, mas outros órgãos ligados à sociedade civil devem possuir autonomia para desenvolverem atividades em prol da mesma sociedade”, afirma a assistente social da Coordenadoria, Sônia Carvalho. Ela acredita que é dever do poder público promover políticas que atendam às pessoas da terceira idade. No entanto, acrescenta que órgãos sem ligação com o poder público e a própria sociedade civil podem criar ações que contemplem os idosos. “Não necessita exclusivamente da Coordenadoria ou da prefeitura para realizarem atividades sociais”, conclui. A Coordenadoria possui também o Disque idoso, que presta atendimento e orientação telefônica.


Serviços em destaque

A CDPI tem uma lista com mais de 250 nomes de Grupos de Apoio, que objetivam o trabalho com o idoso. Na capital mineira um Grupo que se destaca é o Centro de Apoio e Convivência (CAC), localizado à Rua Juscelino Barbosa, 30, no bairro Gameleira. Nele são oferecidas inúmeras atividades aos idosos. Dentre elas estão hidroginástica, massagem, dança de salão e assistência social. Porém, o idoso deve se associar ao centro pagando uma taxa anual de R$ 50 para ter desconto nas atividades organizadas pelo CAC.

O Serviço Social do Comércio (SESC) Santa Quitéria, no bairro Carlos Prates, também é uma opção para os idosos de Belo Horizonte e Região Metropolitana. De acordo com a diretora, Solange Narcísio, são oferecidas atividades físicas, como yoga, ginástica para a terceira e quarta idades, além de práticas esportivas, como vôlei e peteca. “Também oferecemos bailes mensais, seminários e palestras”, relata a diretora. Ela esclarece que, para participar, o idoso deve ter no mínimo 55 anos e ser associado ao SESC.

Os meios acadêmicos também desenvolvem atividades voltadas à terceira idade, como é o caso do projeto UNI Idoso, que conta com colaboração de alunos, responsáveis por proporcionar trabalhos manuais aos idosos inscritos. O projeto, voltado para pessoas acima dos 60 anos, abarca, gratuitamente, o total de 15 pessoas por semestre. As propostas do projeto são a reciclagem e a cidadania dos idosos. Segundo uma das responsáveis pelo UNI Idoso, trata-se de uma oficina. “Pretendemos integrar os idosos com a habilidade manual”, disse. As reuniões acontecem toda terça, das 13h às 14h50 e das 15h às 16h50, e qualquer idoso pode participar mediante inscrição no início do semestre letivo.


Apesar de existir oferta, ações voltadas para o público idoso ainda são insuficientes

Apesar dos avanços e projetos em desenvolvimento, a conclusão é que ainda são poucas as opções voltadas para os idosos que moram em vilas e favelas da capital mineira, pelo ao menos para a maioria deles. Nas regiões mais pobres de Belo Horizonte, as Pastorais - extensões da Igreja Católica nas comunidades - com trabalho inclinado à terceira idade se destacam.

Entre elas está a Pastoral do Idoso, no bairro Alto Vera Cruz. A coordenadora Terezinha Nunes explica que a grande dificuldade está na falta de recursos. “Como não possuímos dinheiro, gostaríamos que a prefeitura enviasse profissionais para que pudessem nos ensinar alguma atividade que no futuro se transformasse em uma geração de renda”, declara. A principal atividade desenvolvida pela Pastoral no bairro são os passeios culturais pela cidade. “Vamos a museus e praças. Recentemente, montamos uma história sobre a cidade do Museu Abílio Barreto”, afirma. Ela disse que o relacionamento com a comunidade é muito positivo e estende para aqueles que gostariam de participar da pastoral o convite. “Estamos abertos para outras comunidades. Seria muito bom estabelecer parcerias”, avalia.

Foto dessa matéria:
Arquivo do Centro de Apoio e Convivência - CAC
Retirada, com autorização, do site
www.cacfimdetarde.com.br

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